quarta-feira, 23 de maio de 2012

Quase Deuses (Filme) - Resumo




“Reencantar o mundo é reencantar a si mesmo,
superando a dicotomia entre a realidade e a fantasia,
compreendendo as relações engendradas pela
sociedade e a necessidade inexorável de ser livre
e estar à disposição daqueles que perderam a
capacidade de sonhar”.


O filme quase deuses interpreta a história real de Viven Thomas e Alfred Blalock, responsáveis pela primeira cirurgia feita no coração - o órgão era visto como algo intocável pela medicina - que corrigia um erro de percurso numa das veias do coração que ocasionava problema de oxigenação no pulmão e a falência do individuo. Vivien é negro, sonha em cursar uma faculdade, casar e se tornar médico. Alfred é um médico ambicioso, com certo reconhecimento na profissão, que testa em animais, técnicas para poder fazer a diferença e se sobressair perante os outros pesquisadores da área médica. O primeiro é um jovem carpinteiro e negro que vai trabalhar como ajudante no laboratório do segundo. No roteiro do filme algumas discussões estão claramente implícita tais como: o conflito racial, a discriminação e o preconceito de um jovem negro que venceu todos os obstáculos em nome de um sonho de assim como os brancos realizar poder ser um médico e ter as suas pesquisas reconhecidas. Nos anos 1940, a discriminação racial impunha-se. Os negros eram obrigados a viver praticamente à margem da legalidade, o que só viria a “desaparecer” nos anos 1960 com a legislação que assegurou direitos iguais, a chamada Lei dos Direitos Civis, que teve em liderança como Martin Luther King e Malcolm “X” e seus panteras negras seus principais representantes. “I have a dream”, (“eu tenho um sonho”) de Luther King bem expressa o imenso desejo de ver os direitos, entre brancos e negros, nos Estados Unidos, igualados.

O negro Vivian Thomas mostra suas habilidades, atitudes e competências quando resolve ajudar a salvar uma criança branca que sofria do mal do “sangue azul” patologia gerada por uma má formação congênita no órgão cardíaco que resulta na mistura do sangue arterial (puro, oxigenado, que foi transferido do pulmão para o coração) e o sangue venoso que, ao percorrer todo o corpo, chega carregado de toxinas. Vivian rompe com todo o conhecimento até então produzido e resolve procurar uma resposta para o problema junto com o médico Blalock. Ele registra os procedimentos realizados por Blabock, o médico da John Hopking Hospital e investe na criação de instrumentos cirúrgicos que assegurassem a realização da cirurgia e seu sucesso. Testa tudo em um cachorro, induzindo no mesmo a doença, traçando a sua etiologia para, em seguida, encontrar a resposta para a situação por ele artificialmente produzida no animal e vivenciada também pela criança. Mesmo não sendo, oficialmente, o médico, atua não apenas como se fosse, mas com uma visão científica. Cada detalhe é por ele analisado o que lhe permite inferir dados que conduziriam à solução do problema. Identificada a causa da doença do sangue azul (cianótico), realiza-se a cirurgia pelo médico Blalock com a participação direta do Vivian, que é chamado ao centro cirúrgico ‘na última hora’ para “auxiliar” de maneira decisiva no procedimento. O conhecimento técnico do médico e as habilidades do auxiliar de laboratório, cooperam para o final desejado por todos. Todavia, o reconhecimento é para apenas para médico Blalock, chefe de cirurgia do John Hopking Hospital. A mídia ressalta o trabalho do chefe branco e escamoteia a intervenção decisiva do auxiliar negro. Vivian sofre todas as perseguições: raciais, religiosas e daquele que, em princípio, deveria ser amigo, pois receptor do seu trabalho. Ao final, com a morte do médico Blalock, a instituição resolve reconhecer o trabalho talentoso do auxiliar de laboratório, outorgando-lhe o título de Doutor Honoris Causa, incluindo-o na galeria daqueles que contribuíram para a ciência médica e para o reconhecimento daquela instituição. São pessoas como a personagem Vivian Thomas (1910- 1985) que, com sua capacidade de iniciativa, determinação e criação (habilidades, atitudes e competências) transformam o mundo, refazendo a sua “lógica” e dando um sentido novo às relações entre os seres humanos, mostrando a imperiosa necessidade da igualdade entre todos e a importância de superar as dicotomias, sejam quais forem, em especial, as econômicas, raciais, religiosas, culturais, sexuais .....


Notas:
1 - Filme baseado em caso real.
2 - Trabalho exigido como avaliação pela disciplina Didática e Práxis Pedagógica I, do Curso de Geografia
da Universidade Federal da Bahia, sob a orientação da Professora Doutora Alessandra de Assis Picanço,
realizado na Faculdade de Educação/UFBA.